Ensaio | Cênicas


Qual o formato deste texto?

Este texto foi pensado como um feed ou uma timeline  com postagens espalhadas pelo Twitter, Instagram e Facebook.  Esta página reúne os links das mensagens construídas como posts, página da web ou comentários nas redes sociais.

 

O que queremos?

rupturas, sobreposições e deslocamentos.

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Este texto reflete sobre como produções artísticas e eventos de exibição e difusão de artes cênicas se transformaram e/ou adaptaram seus projetos para produzir em contextos digitais (web e aplicativos). Incorporei nesta escrita recursos, práticas e veículos do próprio meio ao qual me refiro, portanto, esta reflexão se expande em posts, páginas e comentários das redes sociais e webpages.

 

Quais caminhos seguir?

Minha sugestão é que você se mova desatentamente por entre os posts: zapeie, se perca, se distraia, se deixe levar por associações labirínticas e inusitadas da internet e de fora dela. Por exemplo: inicie sua rota lendo sobre festivais de artes cênicas no universo digital e se surpreenda assistindo a um vídeo com decolagens de aviões em todas as direções dizendo: isso teatro. Ou ainda visite a página do Festival de Avignon, veja a live sobre o processo de criação “Fresta”, e se pergunte por que está assistindo à twitch.tv. Mas, meu desejo mais sincero é que depois, ou durante este texto você pense…

 

Quais indicações para construir esse pensamento?

>> …[na] relação entre os festivais, a curadoria, a virtualidade e o que a pandemia abriu enquanto possibilidades. Em suma, pensar futuro a partir do presente <<

(GUERRA, 2021).

 

Sobre regras e sinais

\\\\ nesta escrita uso ABNT com desobediência e símbolos gráficos com liberdade • sinais funcionam como assinaturas e estratégias de >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>|| destaque ||<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<

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Outros usos: pontos finais como marcadores ou espaço entre parágrafos;
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sinais de (+) para indicar a ligação de uma thread, sequência ou fio no twitter.
// barras retas, oblíquas e inversas|
/separam, dividem e…
/dão ritmo
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TEXTOS SUBLINHADOS ou hiperlinks te catapultam para sites e mensagens ou explicações curtas. Clique e veja: Ø
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apagaram-se as luzes: registro tardio de impressões feitas no calor da hora.

>>> Pen drives na gaveta vs. memes bombados de likes ou as primeiras reações dos festivais no início da pandemia.

 

Selfie com filtro:
Artista-curador atento às mudanças das relações entre obras/ artistas/ públicoS de artes cênicas. Enquanto nó na rede pergunto-me: “O que está acontecendo? “; me responder, “No que estou pensando?”. Escrevo este texto como a legenda de um post para decifrar as imagens que se multiplicam na velocidade fugidia de um “miliclique”.

Cérebro eletrônico: * Ensaio

 

Catando papel na tempestade:

Desde o início da COVID-19 eu comecei a reunir links de festivais e eventos que estavam criando adaptações para realizar suas programações durante a pandemia. É uma lista reduzida, excessivamente branca e ocidentalizada, portanto, incompleta e em construção. Este mapa que se inicia finca a bandeira de alguns eventos, como o Festival d’Avignon e o Edinburgh, e mostras que integram o Núcleo de Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil. Rastros que ajudam a compreender porque que a cena é como é, por onde se move e se modifica: Cartografia incompleta de Festivais de Artes Cênicas de uma parte pequena do mundo

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Quanto mais eu assisto às peças e participo dos eventos, mais perguntas aparecem. Minha prática enquanto curador está ligada às práticas artísticas. Portanto, neste contexto de tantas transformações, é imprescindível escutar as questões da cena que aglomeram, giram e jogam.

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Na encruzilhada em que me encontro de artista-curador, articulam-se práticas e negócios. Um olho na cena e outro nas astúcias do mercado. O carrossel de emoções dos “pitchs” parece ter encontrado na web seu parque de diversões. Como numa agência de namoro, arranjam-se encontros em busca de relacionamentos com final feliz entre artistas (vendedores) e curadores/ programadores (compradores). Nessas reuniões, as emoções de uma roleta embalam as perguntas e fazem o sonho da turnê girar tal qual uma roda da fortuna. Que tenhamos sorte.

 

Miragem traços de passado e rastros de futuro. Abaixo do post no Instagram de Tudo que coube numa VHS do grupo Magiluth, continua esta reflexão.

Agora, minha sugestão é que você assista uma peça e veja o meu comentário: Desapegar do Teatro terreno e abraçar o ciberespaço.

Comentário a 118.540 depois e contando…

Contabilizando 181.460 segundos/mortos foi concluída a edição on-line do Panorama Luto. Uma ação que se desdobrou como “uma vigília, velório, protesto, celebração”. Uma ativação coletiva promovida pelo Panorama Festival do Rio de Janeiro, de 12 a 14 de dezembro de 2020. Nesta performance, mais de 200 pessoas leram ao vivo, textos de sua preferência no canal do Festival no YouTube, ao longo 50 horas. Cada segundo correspondia a uma vítima da pandemia no Brasil até aquele instante.

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Enquanto fazedor de festival, reconheço, nessa ação, um dos momentos mais contundentes e comoventes deste período de pandemia. O evento incorporou o vocabulário e os recursos do meio no qual estava inserido e produziu um ato único, mobilizador e performativo.  O Panorama Luto deu corpo à pergunta: como, enquanto cidadão, artista e agente cultural, criamos, participamos e nos reconhecemos nesta comunidade?

Link para o vídeo do evento publicado no YouTube e a continuação da minha reflexão nos comentários abaixo do post.


Felipe de Assis é artista da cena, pesquisador e curador. Mestre em Artes Cênicas pelo PPGAC – UFBA (2015). É co-criador do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (FIAC Bahia), no qual atua como coordenador geral e curador desde 2008. Dirige, produz e distribui espetáculos de teatro e dança, (Feitocal 2015 e Looping: Bahia Overdub 2015 – 2020); realiza consultoria para Festivais e ministra cursos de curadoria em artes cênicas.

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