Editorial


Editorial #16

setembro de 2017

Edição: 16


Que Exu abra os nossos caminhos brandindo sua enorme piroca, Laroyê! Que as deusas peladas da Renascença saltem de suas conchas e venham nos abençoar! Que os deuses gregos nos ajudem a carregar o peso deste século, ó Céus! Século trevoso, que promete terríveis e emocionantes intrigas a cada mês que passa. Mas camarão que dorme a onda leva. A gente permanece de butuca ligada. Aqui na Barril estamos há mais de ano acordados, como luz de farol. A cada mês varrendo mais um tanto do que desponta no horizonte. No fim das contas dá até pra ir costurando um panorama. E você, fiel leitor, o que vê do lado de lá? Consegue acompanhar os movimentos? Está bem atento aos recados intergaláticos?

Estamos proliferando por todo o Brasil. A Barril Impressa vai chegando na casa das pessoas e com elas novas leituras e possibilidades de escrita. Este ano foi importante por abrir nossos rumos fora de Salvador, mesmo que as raízes continuem firmes do lado de cá. A Edição#16 é apenas um espelho dessa movimentação. Conseguimos abranger um círculo de produções bem interessante, desde Recife, fazendo escala em Brasília e subindo até o País Basco.

Nas Críticas dessa edição, enquanto Igor de Albuquerque visitava o Solos Baianos, nova produção do Balé Jovem de Salvador, sintetizando tudo num texto tão imagético quanto o espetáculo, lá de Brasília nosso colaborador Leonardo Shamah mirava as reviravoltas do Édipo grego incorporadas na palhaçaria de Denis Camargo. Esta última rendeu um Rebate, escrito pelo próprio diretor de Édipo Rei – O Rei dos Bobos.

Thiago Cohen mandou pra gente, do País Basco, um Reverbera sobre Suddenly, dirigido por Jaiotz Osa. A crítica-corpo-audiovisual, produzida em colaboração com Violeta Wulff, trabalha com a  noção de distância e proximidade. Envolve uma bola de soprar e ingestão de post-it’s.

Na Crítica da Crítica, Daniel Guerra expõe sua Razão da Crítica Pura de Bar, trabalho filosófico-dixoteiro sobre a metodologia inerente a estes círculos embriagados que todos hão hão de conhecer bem. No Ensaio, Paulo Raviere vem mais uma vez entre nós proclamar suas nobres palavras. Escreve sobre a própria escrita, e particularmente, sobre essa arte bem conhecida, a de falar muito e “declarar nada”.

E a Treta do mês veio de Recife, terra natal da nossa colaboradora Águeda Tavares, que trouxe de lá um sutil e corrosivo texto sobre um tal “teatro de província”. Qualquer semelhança é mera coincidência.

Por fim, tivemos um Encontroprovocador entre Laís Machado e a performer Ana Dumas. Na Selfie, Bárbara Pessoa se desconcerta toda para melhor desconcertar o Processo de Desconcerto do Desejo, peça de Matheus Natchtergaele que teve brevíssima temporada em Salvador no mês de Setembro.

É isso. Força e coragem que juntos vamos mais longe. Boa leitura!

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