Editorial


Editorial #12

maio de 2017

Edição:


Na atual conjuntura política, a comunicação parece estar cada vez mais rarefeita e o campo artístico é, ou deveria ser, um terreno favorável para a experimentação de outras formas de diálogo. Geralmente, e não é diferente na atual condição política brasileira, os artistas se desassossegam, analisando e tentando organizar da melhor forma o seus discursos poéticos. Seja a partir da sede de explorar outras configurações de relação estética ou se preocupando, a partir de uma versada convenção, com a máxima clareza de sua expressividade. Claro, deve existir quem se neutralize, quem se mantenha imóvel (por medo ou por simples alienação) com a atualidade que lhe demanda ação. Mas a improdutividade nunca será uma porta saída.

 A 12ª Edição da Revista Barril traz para o debate essas questões poéticas e políticas, e as proposições estéticas que são fomentadas a partir dessas problemáticas contemporâneas: o símbolo, a utopia, a arte contemporânea, a representatividade e a ética política, colocando em questão os modos de comunicação da chamada arte contemporânea e a necessidade de diálogo honesto com o momento conturbado em que vivemos.

Discurso poético e política têm seus entrelaces nas CRÍTICAS:  Silêncio, de Diego Pinheiro, sobre Entrelinhas, obra da performer e dançarina Jack Elesbão e Manequim, crítica de Laís Machado sobre a obra Isaura Suélen Tupiniquim Cruz, da performer e dançarina Isaura Tupiniquim, que também produz o seu REBATE a crítica. Podemos encontrar essas reverberações na SELFIE Vídeo-dançar, de Bárbara Pessoa, sobre o FºDA – Festival Ornitorrinco de Dança Audiovisual, evento realizado pela Deslimites Mediações Artísticas. Ambos os textos colocam uma lupa sobre a atual cena da dança contemporânea em Salvador.

Nos textos Fantasias Revolucionárias, Sobre Asas Extirpadas ou Como Ícaro Até Que Tentou e Querido Pretato, respectivamente compostos por Daniel Guerra, Matheus Menezes (colaborador do mês) e Alex Simões. Podemos identificar as constatações políticas tratadas na obra (exposto por Matheus, na Coluna RIZOMA, a partir do espetáculo Ruína de Anjos, da Outra CIA de Teatro), à estranheza quanto as narrativas engajadas que atingem os níveis de comercialização (como vemos no ENSAIO de Daniel Guerra), bem como a ânsia por um conteúdo político e de enfrentamento institucional como analisado por Alex Simões, na Coluna TRETA, ao dissertar sobre o Pretato, projeto realizado pela Organização Dandara

Gusmão, coletivo formado por estudantes negros da Escola de Teatro da UFBA. De quebra, Heron Sena pergunta Quem Está Preso Agora?, sua reverberação do espetáculo Barrela, direção de Nathan Marreiro, na Coluna REVERBERA, propondo uma experiência que, ao mesmo tempo que flerta com o jornalismo, possuí um tom poético-profético.

Já Igor de Albuquerque produz um texto sagaz na Coluna CRÍTICA DA CRÍTICA, O Ritmo do Nada. Igor lança o seu olhar sobre o editorial da recente revista de crítica em artes cênicas, a curitibana Bocas Malditas.

Por fim, ficamos com o ENCONTRO descontraído entre Laís Machado e Mari Buente (publicitária, musicista e técnica de som).  Mari expõe a problemática de ser mulher e técnica de som, área bastante masculina e, por consequência, machista. Neste Encontro, há uma convocação, não só para os profissionais dessa área técnica, como também para diretores musicais, encenadores e produtores da área cênica, em analisar com mais empenho este problema.

É isso!

Mais uma edição Barril pra vocês.

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