O brasileiro estava desesperado para gostar de alguma coisa. Era morte demais, pobreza demais, meses demais vendo o país naufragar, sem poder fazer nada além de bater uma panela. A ideia de ver um grupo de pessoas trancadas em uma casa, sendo obrigadas a conviver umas com as outras, pode ter soado como uma solução.
O cinema, em seu modelo de exibição, vem sendo particularmente afetado. Os gigantes do streaming, que já se mostravam vorazes, avançam com muito poder de fogo numa luta cada vez mais desigual. Toda a cadeia de exibição está sendo desmontada.
Justo quando pensamos estar fazendo uma coisa sumamente importante pela vida na Terra, podemos estar contribuindo para a sua mais completa destruição.
Vistas juntas, Bergman e Fischer fazem um contraste luminoso de matéria e espírito.
O ano de 1927 talvez tenha sido um dos mais decisivos na vida de Walter Benjamin [1892-1940], sobretudo em sua relação com a política e, especialmente, em sua interpretação da trama que se estabelece entre política e cinema.
Quem já presenciou o vai-e-vem glamuroso dos festivais ou já foi hipnotizado pela variedade de camisas estampadas com flores, geometrias graffiti e caveirinhas, não suspeita que aquelas pessoas estejam, na verdade, absortas na nobre tarefa delegada aos cineastas do segundo milênio: capturar o real.
É bem provável que sobrem a câmera na mão, a ponta no pé, a máscara no rosto. É bem comum sobrar a trilha sonora escolhida. É presuntivo que restem elementos que não se encontram porque lhes falta aquilo que lhes daria algo em comum: a ideia. Aquilo que os faria, como em uma assembleia, dialogar sobre o motivo daquela reunião.