I
convidado para uma roda de conversa
imediatamente pensei q ñ deveria
preparar uma fala sistematizada
apoiada em slides q remetessem
às minhas ações performativas
aos meus livros de poesia
e a uma trajetória q sempre
teve como ponto de convergência
o encontro entre linguagens
entre cultura e política
entre uma escrita performativa e
um ativismo calcado nas práticas
existenciais q diluem fronteiras
– inclusive entre uma ética e uma estética –
{
sistematizada seria uma fala q
primeiramente partisse de palavras-chave
da roda de conversa e fosse a partir de
nomes emblemáticos p/ um itinerário
de leituras e assim esmiuçasse
conceitos
[
linguagem
resistência
]
p/ em seguida dizer que ñ os
sigo pq ñ os assimilo
}
aludindo nessa fala à própria
definição de conceito
citando um nome legitimado hj pela própria akademia
+ q ainda é referência do q se pode
discutir sobre linguagem & resistência
monsieur michel foucault
para quem 2º Norman Fairclough
“
os conceitos se constituem como uma bateria de categorias, elementos e tipos que uma disciplina usa como aparato para tratar seus campos de interesse
”
& imediatamente pensar q no lugar da palavra poética o conhecimento é antidisciplinar transdisciplinar por definição o q resulta ser a minha faleitura uma contradiccão afinal estou numa roda q se configura como mesa pois estão marcados os lugares de fala hierarquizados dentro de uma ordem de discurso e p/ variar estou numa instância privilegiada de modo q tenho juntamente com os companheiros Nelson Maca & Alberto Marlon o privilégio de fala de recorte do q se pode ou não discutir & as perguntas ao fim & ao cabo serão amparadas em nossas falas 1as identificadas como títulos & epítetos
II
diante do q foi dito à guisa
de pedido de desculpas irei mínima
mente situar uma perspectiva de todo
provisória e precária sobre as
supracitadas palavras-chave
por linguagem
entendo
com a ajuda de Pêcheux
uma forma
material
de
ideologia
fundamentalmente importante &
ainda com ajuda do mesmo nome pomposo & francês
do analista do discurso
posso lembrar que a ideologia
funciona pela
c o n s t i t u i ç ã o
(
inter
pel
ação
)
das
pessoas
em
sujeitos
sociais
e suas fixações em posições de sujeito
enquanto ao mesmo tempo lhes dá a ilusão
de
ser
em
livres
& ainda de q
lingua
gem
é
dis
curso
e
vento
dis
cursivo
q se constitui como
texto
dis
curso
&
prática social
&de q resistência nessa perspectiva
é ao mesmo tempo a denúncia
da ilusão & a descrença da ilusão
des
ilusão de q
ñ podemos ser
sujeitos
trans
parentes
III
poesia é ser contra
platão nos expulsou da república pq
nossa verdade é + perigosa q a dos historiadores
silviano santiago em o entrelugar do discurso latino-americano dixit + ou –
q nós os q vivemos nas margens
só podemos escrever contra pq
o discurso é grafofalocêntrico
– assim como este próprio texto q só cita machos –
e só podemos nos apropriar da linguagem do dominador
através da insurgência & insubordinação
&
glauco mattoso me ensinou um modo de subverter
a forma
&
através da forma
subverter o clichê da vitimização
& se vingar
c/ as palavras
pq ricardo aleixo nos apontou
q a única possibilidade de haver uma boa poesia é ela sendo contra
“
vejo a ‘boa poesia’ como sendo aquela q é independentemente de seus assuntos contra
contra a língua cotidiana contra a poesia anterior contra os conceitos correntes de poesia contra a poesia da palavra ‘poética’ contra a comunicabilidade fácil contra o difícil da superfície, contra a história contra a ordem política social vigente contra a ditadura do sentido único contra a ideia de identidade (étnica cultural religiosa sexual etc.) enquanto uma ‘ficção’ simplificadora q tem como fim último a exclusão da alteridade contra enfim a enfadonha convicção de que a poesia está morta
“
IV
aqui jazz um
poemadissertativoqserecusaaserensaioacadêmicosobrelinguagem&resistência
Alex Simões é poeta e performer.