Editorial


Editorial #03

abril de 2016

Edição: 3


O Brasil entra numa de suas grandes efervescências políticas desde os movimentos da redemocratização ou do impeachment do “caçador de marajás”. Pensando nestas questões, é admirável perceber o quanto estes momentos históricos são demasiadamente recentes e o Brasil um eterno enamorado de um sistema representacional. As querelas políticas assolam e transbordam, seja na rua ou nas redes sociais, estas se configurando no verdadeiro parlamento – talvez aqueles, bem atenienses –, e, com obviedade, uma grande parte da população brasileira se sente impelida para as mobilizações.

Não seria diferente com os artistas, com inclusão dos agentes e trabalhadores da cultura. A extinção do Ministério da Cultura (MinC) é a confirmação da grande intenção do governo interino golpista: cortar uma das principais raízes das mobilizações de esquerda no país. Ainda, não se enganem, a reintegração do MinC pode se configurar na estratagema “cooptante” de manter a desarticulação pelo desgaste. O que mostra, mais do que nunca, que as ocupações das sedes do MinC por todo o Brasil se tornam ainda mais necessárias, configurando-se em umas das grandes frentes de resisten

cia ao governo do golpista Temer. Prontamente, não estranhem o reboo que a situação política do país causa na 3ª Edição da Revista Barril, principalmente nas colunas que explodem a qualidade analítica para além obra de arte.

 

Nas colunas CRÍTICA DA CRÍTICA, SELFIE e TRETA, respectivamente compostas por Laís Machado, Victor Bastos e Daniel Guerra, está lá, posto, a imbricação e enfrentamento espetaculosos entre política/artista, e espectadores/política. Ecos dos tempos conturbados a partir dos conceito de “classe”, cultura e do Projeto Brasil, da Companhia Brasileira de Teatro (SP).

Na coluna de CRÍTICA temos dois textos: Fissura de Fissura e Da noite em que fui Alice. O primeiro feito por Diego Pinheiro, sobre o espetáculo do Coletivo COATO, Maçã – Um Acontecimento Cênico. O segundo, pela nossa queridíssima convidada desta edição; a encenadora, dramaturga e integrante/fundadora do Núcleo Viansatã de Teatro Ritual, Amanda Maia, que lança seu olhar a mostra de performance Submersos. Para completar esta coluna, o Coletivo COATO e Leonardo Paulino (em nome da mostra Submersos) REBATE(M) os textos de Diego e Amanda.

O poeformer (poeta e performer) Alex Simões, foi nosso convidado para a coluna REVERBERA. Alex expõe suas reverberações ao espetáculo Looping, de Rita Aquino, Felipe Assis e Leonardo França, sem esquecer as curvas do labirinto estético-político brasileiro.

 

Laís Machado, de forma lúdica, cria um Meme rizomático do espetáculo A Bofetada, da Companhia Baiana de Patifaria, na coluna RIZOMA. 

 

Igor Albuquerque (Revista Barril) encontra Michelle Mattiuzzi (musa performática) na praia da Ribeira (Península de Itapagipe em Salvador), para uma conversa incendiária sobre performance, racismo e mulher negra na coluna ENCONTRO.

 

Por final, na coluna ENSAIO, Daniel Guerra propõe uma emancipação dos artistas do mundo rumo ao materialismo estético, movido pela performance de Esther Ferrer, de dezembro de 1993, no texto Artistas de Todo o Mundo, Emancipai-vos.

 

O Barril está triplicado! Isso é sabido.

 

Boa leitura.

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