Editorial


Editorial #07

agosto de 2016

Edição: 7


Ah, o número sete! Não nos levem a mal, caros amigos, mas aqui reservamos algumas surpresas pra vocês. Afinal, porque diabos o espectador ou o leitor deveriam sempre ficar nos seus lugares, como se diz naquele velho ditado: “o cliente sempre tem razão?”. Aqui vocês vão ter que labutar um pouquinho. Porque não? Joguemos todos os nossos chapéus lá em cima. Primeiramente, comam farinha, depois leiam a Barril! Aliás, mastiguem, transformem a Barril em farinha, depois vomitem tudo no meio da sala, no meio da cena, no meio das redes!

Tudo bem, calma.

Há sempre uma maneira de permanecer boiando na surface. Mas, aviso aos navegantes: quem quiser ir atrás de tesouros e peixes sinistros, não será em vão que entrará na deepweb dos meio-tons, das armadilhas, das coisinhas subliminares, das indiretas, das intrigas, da ginga e dos macetes acrobáticos. A crítica também deverá ser uma arte!

Já falamos em outro editorial da nossa eterna corda bamba, nosso fio da navalha: de um lado, o poço jornalístico da linguagem hashtag-papinha, de outro, o academicismo pueril, cristalizado entre o tradicionalismo birrento e o pós-tudismo super cool. Entre tudo isso nós, e é claro, vocês, ó coisa inaudita, massa misteriosa, intratável, poderosa, o público, o leitor!

Por exemplo: na Crítica apresentamos o olhar engajado de uma crítica com relação a um espetáculo. Ah, isso pode? Mas é claro que pode, contanto que se escrevam as pontes. Laís Machado foi ver “A Danação de Tristão e Isolda – Capítulo 1”, do Núcleo Viansatã de Teatro Ritual, e juntou análise estrutural com ecos do seu corpo (a)dentro. Ao que eles rebateram, fazendo eco ao eco.

Diego Pinheiro viu em Iami Rebouças uma performer, nos espetáculos “Umbigüidades” e “Ulteridades”, ao que ela responde, no seu Rebate: Claro, porquê não, uma performer! Ali vemos o olhar agudo do crítico e o verbo calmo de uma artesã dos tablados.

Raiça Bomfim, convidada a fazer um Reverbera, escolhe o espetáculo “El Agitador Vórtex”, apresentado durante o festival IC – Encontro de Artes, e, ativando sua Cris Blanco interior, joga com a tosqueira e atinge uma atmosfera brincante, cinematográfica, operística, irônica e Nouvelle Vague.

E então vem a Crítica da Crítica da vez, Bárbara Pessoa, criticando, creiam, um críticx anonimx de Instagram, tendo como pano de fundo o lago narcísico do espetáculo “Narcissus”, do grupo Toca de Teatro.

No Rizoma, Diego Pinheiro traça um gráfico ao estilo “Lula Culpado” (Relatório do MPF), em que insere o novo espetáculo do GDC (Grupo de Dança Contemporânea da UFBA), “Cuspe, Paetês e Lantejoulas” numa genealogia que convidará o leitor a ler e reler, ver e rever, em suma: suspeitar.

No Encontro, Daniel Guerra é recebido por Paula Lice na sua própria casa, para uma conversa delirante e agradável ao lado de samambaias e um cachorro hiperativo de nome Lino.

O Ensaio fica a cargo do escritor Paulo Raviere, que, convidado por nós, produziu um texto sobre o lugar dos clássicos no teatro, questão inusitada para o século em que vivemos, mas que deixa muitas perguntas sorrateiras ao pé da porta do leitor/artista/espectador.

Na Treta Daniel Guerra escreve um Manual, para que a relação entre certos gestores públicos e os novos críticos da velha cidade possam prosperar.

Diz que a indireta é um bem de uso exclusivo do povo. E do crítico também, claro.

Daniel também escreve uma Selfie a partir do espetáculo “Narcissus”, e reflete duas vezes ou mais o lago de Danilo Cairo. Joguinho de espelhos.

E, surpresa das surpresas, Igor de Albuquerque estreia a nossa nova Coluna Especial, o ENCOSTO! Aqui o colunista deverá investir-se do papel de jornalista investigativo, e munido de sua presença, um caderno e uma caneta, deverá “encostar” em algum processo feito recentemente na cidade, e escrever a partir disso uma matéria de mais fôlego sobre a produção teatral. O Primeiro Encosto será sobre o Vila Velha, a Universidade Livre, Márcio Meirelles, e mais especificamente, sobre o seu novo processo, “Romeu & Julieta”.

Devemos falar também que, ao decorrer do mês de setembro acompanhamos o FILTE – Festival Latino-americano de Teatro da Bahia, produzindo críticas imediatas, as quais anexamos num documento já disponível no site.

Agora arrombe nossas portas. Bem vindos de novo!

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