Editorial


Editorial #14

julho de 2017

Edição: 14


Salvador sofre as consequências do inverno mais rigoroso desta década. As temperaturas que beiram os vinte graus têm endurecido as juntas de nossos diletos escritores. Por quanto tempo ainda resistiremos? Nesta décima quarta edição treme um tom saturnino.

O mês de julho foi uma folha de calendário bem estimulante para a colheita das cênicas. Se em junho penamos para conseguir assistir coisas, agora nos últimos trinta dias tivemos opção de sobra. Esperamos que a fartura perdure e que as guerreiras das artes continuem a montar e desmontar nos mais variados espaços desta terra devastada.

A CRÍTICA de Bárbara Pessoa tem a morte como tema. Foi ver o espetáculo Ponto e Vírgula e voltou desdobrando para nós o diálogo dos dois personagens da peça. A segunda CRÍTICA fica por conta de uma das colaboradoras do mês. Isabela Silveira inaugura sua presença na revista direcionando o olhar a um fenômeno pouco explorado pela crítica em geral: o teatro infantil. Teceu suas considerações a partir de uma adaptação infantil do clássico O Burguês Ridículo, de Moliére.

Outro colaborador do mês, Giltanei Amorim escreve uma CRÍTICA DA CRÍTICA articulando temas da contemporaneidade de forma inusitada. Em estilo ensaístico, propõe uma ecologia crítica em oposição ao que denomina egocrítica.

No REVERBERA a D. Morte volta a nos assombrar, agora incorporada na atriz Márcia Andrade, que passeia pelo cemitério enquanto faz ressoar as vibrações do fim inevitável. Não por acaso, Márcia também foi conferir o espetáculo Ponto e Vírgula.

Laís Machado esteve entre a multidão que foi à reitoria da UFBA escutar as palavras da ex-pantera negra Angela Davis, e voltou com uma TRETA direcionada ao estado de coisas mundial, isso sem esquecer é claro de distribuir farpas ao nosso próprio mundinho sotero-cultural.

No ENSAIO, Igor de Albuquerque extravasa o tema das artes cênicas em  direção à uma ética do hobby. Enquanto isso, num ENCONTRO intimista e convidativo, Bárbara Pessoa entrevista o ator Caio Rodrigo, onde discorrem sobre a relação de trabalho e existência, tempo e dinheiro, morte e consciência e muito mais, em tom de chá das cinco regado a vinho.

Daniel Guerra preparou um RIZOMA imagético a partir da performance Intempestivamente, do coreógrafo norte-americano Adam Kinner, participante do novo programa de residências do Goethe Institut.

Alex Simões foi ver a peça Condenados e nos expõe em palavras vivas a sua relação direta com o universo dos criadores, além, é claro, de pontuar as dissonâncias presentes em qualquer diálogo minimamente aprofundado.

Bem-vindos a mais uma Barril!

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