Editorial


Editorial #17

outubro de 2017

Edição: 17


É incrível como os dias passam rápido. A Barril começa a esbanjar as marcas do seu segundo ano. Que venha a maturidade, portanto. É muito bom perceber como os textos dos camaradas vão mudando, e cada um aprendendo com o estilo do outro. A nossa revista vem desbravando um campo crítico amplo demais, que a despeito de sua imensa variedade de escritas, possui poucos solos comuns onde pisar. Já falamos demais da relação entre a crise do jornalismo e a crítica no império da Internet. Sabemos que juntos fazemos um trabalho imenso, e seus frutos já surgem aqui e ali. Crescer é o melhor caminho para a autonomia.

Na CRÍTICA Isabela Silveira volta para falar de mais uma peça infanto-juvenil. Desta vez foi ver o ECA! Quanta sujeira!, de Guilherme Hunder. Ali, Isabela desvela o nó górdio entre ética e estética, desdobrando as variações morais das representações feitas para crianças, ressaltando o valor dos símbolos, mas ao mesmo tempo pondo em xeque certas moralizações que cairiam num terreno complicado não fosse a qualidade geral da montagem. Segue-se à esta crítica o REBATE de Guilherme Hunder, sucinto e cavalheiresco demais. Continuamos na busca de rebates poderosos. Não há porque vê-lo como lugar de conflitos maus, quando na verdade pode ser ágora de inteligências emancipadas.

Marcus Lobo, diretor do grupo COATO, foi convidado a produzir um REVERBERA. Lobo escolheu focar num aspecto muito específico do espetáculo A persistência das últimas coisas. Justamente ali onde ele se conecta aos outros de seu gênero: os aplausos.

Na CRÍTICA DA CRÍTICA Igor de Albuquerque lança uma série de golpes diretos sobre um texto de  Fernando Barcellos no site Horizonte da Cena. Se Fernando pontua a presença da doença no espetáculo de Marcelo Evellin, o Dança Doente, Igor parece virar gentilmente o espelho ao próprio autor da crítica. Vamos ver até onde nos leva esse boxe da inteligência. O que justifica o embate é sempre um resultado que instigue o pensamento.

Alex Simões faz um RIZOMA em hiperlink, apoiando-se mais uma vez (Igor de Albuquerque tem feito o mesmo, em duas edições) nas sensações que nos trazem o som, a música, e o sentido das palavras, arrebatadas nas canções. Faz jus ao espetáculo Joelma, de Fábio Vidal, trazendo uma serie de pérolas do cancioneiro popular, umas mais conhecidas que outras, obviamente.

Bárbara Pessoa visita o Circo Picolino e conversa com a atriz circense Luana Serrat, que entre crises e descobertas na lida diária, entre lonas, ventos, maresia e sóis a pino, vai ajuntando em torno de si uma carreira reconhecida pela firmeza de propósitos e inquietude na pesquisa estética. É o novo circo chegando à Barril.

Nesta edição Bárbara faz dobradinha com um ENSAIO, onde coloca no mesmo ringue intelectual o videomaker amador e o cineasta profissional, a arte supostamente espontânea das redes sociais e as obras da alta perfumaria audiovisual. A pergunta é: qual pensa melhor?

Por fim, Daniel Guerra traça na SELFIE o itinerário de sua sensibilidade espiritual em confronto com a presença ambígua de Paulo Mansur, humorista que criou (de acordo com o mesmo), “o primeiro stand-up umbandista do Brasil”. Verdade ou não, a curiosidade nos trouxe seus prêmios.

Boa leitura!

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